Análise Bioenergética
A Análise Bioenergética tem suas raízes na Psicanálise de Sigmund Freud e na Vegetoterapia de Wilhelm Reich. De forma simples e clara, vamos entrar em contato com sua história:
Sigmund Freud médico e psicanalista, acreditava que situações traumáticas e conflitos vividos durante a infância permaneciam inconscientes e conduziam as pessoas à viverem uma vida insatisfatória. Após decorrer por alguns métodos de trabalho, Freud se convenceu que o mais eficaz seria a associação livre de idéias, na qual o paciente falava tudo que lhe vinha à mente e também a interpretação destas idéias por parte do analista. Este método era uma forma de chegar aos conteúdos inconscientes para que estes pudessem vir à consciência, ser elaborados e de alguma maneira resolvidos.
Freud trabalhava com seu paciente no Divã, o qual não permitia o contato visual entre ambos. Foi aí que Wilhelm Reich, médico, psicanalista e discípulo de Freud, resolveu olhar e fazer contato com o paciente.
Reich olhou e viu que os conteúdos que Freud dizia inconscientes estavam também inscritos no corpo do paciente a sua frente, tudo o que estava na mente estava no corpo e vice-versa. Ele percebeu que quando o paciente se comunicava a nível verbal, outras coisas aconteciam em nível não-verbal, isto é, no corpo: respiração ofegante ou quase nenhuma respiração, mudança na coloração da pele, olhar presente ou ausente, subcarregado, carregado, sobrecarregado energeticamente, entre muitas outras reações corporais. Percebeu também ao olhar o corpo do paciente que existiam certos padrões de tensão muscular crônica - os quais Reich denominou de couraças - que retinham em si uma carga emocional que não pôde ser expressa na infância e de alguma maneira ainda não o era permitido na vida adulta. Ele definiu o corpo em 7 segmentos onde podem existir os anéis da couraça muscular: nos olhos, boca, pescoço, tórax, diafragma, abdômen e pélvis.
Reich entendeu que ter consciência do conflito e expressá-lo a nível verbal não era o suficiente como acreditava Freud, como os conteúdos estão corporificados, o corpo deve participar desta expressão.
Ele desenvolveu como metodologia a “análise do caráter” e trabalhou com seus pacientes exercícios de respiração e toques específicos nos anéis da couraça para que essas áreas fossem mobilizadas, pudessem dar vazão às emoções ali contidas e restabelecer o fluxo energético corporal, o qual é bloqueado pelas couraças.
Dando seguimento a correlação corpo e mente de Reich, surgem Alexander Lowen e John Pierrakos, os criadores da Análise Bioenergética. Em pouco tempo Pierrakos se separou de Lowen e trilhou outro caminho, criando uma abordagem chamada “Core Energetics”. Lowen, nos caminhos da Bioenergética, construiu um conceito que se tornou um dos pilares da abordagem: o conceito de “grounding”. Estar em grounding significa estar enraizado, com os pés no chão, ciente do corpo e da realidade que se vive.
Assim como Freud, Reich colocava seus pacientes no Divã para serem trabalhados, Lowen inovou e colocou o paciente em pé, pois ele acreditava que a postura ereta permitia que o indivíduo sentisse o chão e seu eixo.
Nas palavras de Odila Weigand: “Lowen associa ter os pés no chão como sustentar seu espaço, suas idéias, suas opiniões, ter um lugar na família e no mundo, tomar posição para defender um ponto de vista ou uma causa, ter stand-ards no sentido de ter valores elevados. Estar sobre os próprios pés significa sentir-se independente. (..) Assim, todas as expressões: estar de pé sobre os seus pés, tomar uma posição, manter os pés no chão, tem a ver com o grounding”.
O outro pilar em que se apóia a teoria de Alexander Lowen é a respiração. Se observarmos a maneira como a maioria dos adultos respira iremos perceber que é uma respiração quase imperceptível, uma pequena parcela do tórax ou barriga irá se mover. Se observarmos uma criança respirando será claro perceber uma respiração muito mais profunda e que grande parte do corpo participa deste processo. Respirar nos permite sentir, quanto mais respiração, mais sentimento.
A Bioenergética é um convite de restauração e alimentação do corpo e da mente, buscando sempre recuperar a capacidade que todos temos de sentir e expressar as emoções, um convite a vida!
Fonte: Carolina Papini